24 Abr 2019
São Fiel de Sigmaringa, presbítero e mártir
Imagem do santo do dia

Entre os capuchinhos é muito popular uma quadra humorística dedicada a São Fiel, que diz assim: "Santo é hoje quem foi advogado. Obra do poder divino! Custou-lhe ser capuchinho e morrer martirizado".

Sendo ainda bastante jovem, gozou de tanta fama e nomeada entre os seus condiscípulos e professores da Universidade de Friburgo que o conheciam como "o filósofo cristão". Toda a sua vida podia resumir-se naquela famosa frase que um dia disse a um companheiro: "Duas coisas peço a Deus de todo o coração: passar a vida sem O ofender e derramar o meu sangue pela fé católica". A segunda conceder-lha-á o Senhor, mas também podemos presumir que, com a ajuda da graça e da sua colaboração, tenha alcançado a primeira.

São Fiel nasceu em Sigmaringa, pequena cidade da Suábia, nas margens do Danúbio, no ano de 1577 e passou a maior parte da sua vida entre a Alemanha e a Suíça. Naqueles tempos, eram estas duas nações centros de lutas encarniçadas entre católicos e protestantes. Neste ambiente de luta, às vezes de flagrantes faltas de caridade, se desenvolveu a vida do nosso herói. Isto contribuiu para que cada um dos partidários destas religiões procurasse viver mais isolado dos outros e mais entregue à sua própria fé. Assim sucedia com o lar formado por João Rey e Genoveva Rosemberger que foram os pais de Marcos Rey, que assim se chamará o nosso Santo até mudar o nome para Fiel ao vestir o hábito de religioso capuchinho, a 4 de Outubro de 1612. Ao impor-lhe o nome, o R Guardião, como que a querer brincar com o significado do mesmo, recordou-lhe a frase do Apocalipse, que o tempo se encarregará de fazer que seja profética: "Sê fiel até à morte e dar-te-ei a coroa da vida".

Marcos Rey doutorou-se em leis e gozou de bem merecida fama de advogado, sempre disposto a ajudar os mais pobres e necessitados. Por isso foi chamado "o advogado dos pobres". Mas foram as palavras dum companheiro seu que lhe falou com tão pouca seriedade da advocacia e que de nada valia a justiça humana, que o decidiu a tomar outro rumo. Isto sucedia por volta de 1611 e no ano seguinte abraçava a vida religiosa, aos 35 anos de idade. Entregou-se totalmente à sua formação teológica, mas sobretudo à formação ascética e piedosa. Passava horas na oração e castigava o corpo com rigorosas penitências.

Faz entrega aos pobres da sua herança e de tudo quanto possui. Prega, dá missões, atende a todos, especialmente aos mais necessitados, pelo que exclamava, cheio de gozo: "Dei a Deus os bens da terra e Ele me dá o reino dos céus. Haverá troca mais vantajosa?"

Com a sua palavra verbera qual espada de dois gumes de que fala a Sagrada Escritura - os que desfeiam o rosto de sua Mãe a Igreja. Não cuida do seu estilo nem lhe interessam os adornos da linguagem. Vai diretamente ao fundo das coisas. Toca no coração.

O Senhor acompanha-o fazendo muitos milagres por meio da sua pregação e das suas obras de caridade.

O Papa Gregório XV tinha fundado naquela época - 1622 - a Sagrada Congregação "De Propaganda Fide" para estender o conhecimento da doutrina de Jesus Cristo todos os países do mundo, sobretudo entre os infiéis, e para isso pedia voluntários. A 14 de Abril de 1622, despedia-se Fiel dos seus, dizendo-lhes que "em breve teria a alegria de derramar o sangue por Jesus Cristo". Dez dias depois, no domingo 24, enquanto estava a pregar a palavra de Deus com energia e sem medo, os hereges Grisões atacaram-no à espada e ele caiu no chão sem sentidos. Ainda conseguiu pôr-se de joelhos e exclamou: "Jesus, Maria, valei-me!" e expirou. Era o dia 24 de Abril de 1622. Foi o protomártir da Sagrada Congregação da Propaganda Fide. Tinha então 45 anos de idade. Foi beatificado pelo Papa Bento XIII, em 1729 e canonizado por Bento XIV em 1745.