Sabemos poucas notícias a seu respeito, sobretudo da sua juventude. Encontramo-lo já como um santo Bispo na segunda metade do século VI, na cidade de Ruão, em França. Aqui estava entregue aos cuidados daquelas almas que lhe tinham sido encomendadas para as guiar à Pátria celeste... Era sumamente bom, e se lhe apontavam algum defeito, era que a todos escutava e a todos queria agradar. A afabilidade foi sempre a sua nota dominante.
Chilperico, rei da Nêustria, teve um filho, ao qual pôs o nome de Meroveu, e pediu-lhe que fosse ele o padrinho de batismo. Amou-o sempre com grande afeto e tanto quanto pode a mais terna das mães amar o seu filho. Ficou viúva a bela Brunequilda casada com o seu tio Sigiberto, e Meroveu pediu ao Bispo Pretextato que os unisse em matrimônio. Brunequilda era a rainha da Austrásia. Talvez não o devesse ter feito, pois parece que isto era então contrário aos cânones, mas fê-lo, levado por urna certa fraqueza pelo seu afilhado. Isto seria a causa de todos os seus infortúnios e duríssimas provas que o esperavam. Foi tudo efeito do seu grande coração.
O rei Chilperico, e, sobretudo, a terrível Fredegund, sua segunda esposa, tinham um ódio mortal ao jovem Meroveu e não tardaram a mandá-lo para o exílio. O pobre desterrado não teve outra ajuda senão a do Bispo Pretextato que o defendeu o mais que pôde. O rei e a rainha levantaram-se violentamente contra o santo Bispo e contra ele tramaram quantas intrigas malévolas puderam. O rei acusou-o perante os outros Bispos, ao encontrar na sua mesma casa algumas jóias e pertences da rainha Brunequilda que ela tinha deixado à sua guarda, antes de sair de Ruão. Bastou isto, para dizer que estava feito com os desterrados, para se sublevar contra o seu rei e contra a pátria. O rei convocou urgentemente os Prelados que em Paris deliberaram contra este Bispo de Ruão. Chilparico, sem consultar ninguém, tomou a palavra em primeiro lugar e, diante de todos os Bispos, acusou de várias coisas o pobre Pretextato.
O rei tinha-se preocupado, já antes, de comprar vários esbirros para o acusarem falsamente e fabricarem calúnias contra o santo Bispo, e assim o fizeram. Ao ouvir tais acusações, alguns Bispos acreditaram no rei, mas outros pensavam que tudo aquilo eram patranhas inventadas pelo mesmo para denegrir Pretextato. Por fim, tomou a palavra o Bispo acusado que disse: "Peço perdão de todas as minhas faltas que são muitas, mas em honra da verdade e da fé que professo, devo afirmar publicamente que não é verdade aquilo que o rei está dizer. Eu não comprei ninguém nem protegi a impiedade..
Vendo o rei que não levava a sua avante, quis mudar de táctica e mandou a dois dos prelados que He eram mais fiéis e dissessem ao Bispo que se confessasse culpado diante dos outros bispos e que eles pediriam ao rei demência em seu favor. Assim o fez o inocente e ingénuo Pretextato numa nova reunião de todos os Bispos: 'Senhor rei, pequei contra as leis e contra vós, mereço todos os castigos que desejeis impor-me." Era isso mesmo que desejava ouvir Chilperico que exclamou cheio de alegria satânica: "Vedes? Ouvistes o criminoso confessar voluntariamente o seu execrável atentado? Que vos parece?"
Um dos Bispos disse-lhe: "Se assim é, já não podes conviver conosco. Deves ser desterrado e deposto do teu cargo". Outros tentaram defendê-lo, mas foi mesmo desterrado e sofreu barbaramente durante sete anos... Por fim, regressou à sua diocese, mas, como Chilperico já tinha morrido, continuou a ímpia Fredegunda a fazer-lhe todo o mal que podia e voltou a caluniá-lo, porque não podia suportar que Pretextato continuasse a amar Meroveu...
Enquanto rezava um dia diante do altar, aproximou-se um esbirro pago pela rainha e feriu-o de morte à espada. Pretextato ainda conseguiu aproximar-se do altar e tomar a Sagrada Hóstia... enquanto com inteira firmeza anunciava à rainha as penas que a esperavam. Expirou no ano 586.