23 Fev 2021
São Policarpo, Bispo e Mártir (+155)
Imagem do santo do dia

Ao ler a vida e especialmente o martírio deste valente discípulo de Jesus Cristo, ficamos profundamente impressionados, apreciando até que ponto calaram na sua alma os ensinamentos de seu Mestre, o evangelista São João. Este teve a dita de recostar a cabeça no peito do Divino Mestre na Última Ceia e aí aprendeu a magnífica lição de que "Deus é Amor", a qual jamais esquecerá. Repetiu-o tantas vezes e soube repartir tão sabiamente os ensinamentos do seu Evangelho no coração e na mente do,seu discípulo Poiicarpo que eles aí se conservaram profundamente até à morte do seu generoso martírio.

Talvez tenha sido o próprio São João que nomeou Policarpo Bispo de Esmirna bela cidade asiática, situada na encosta do monte Pagus e banhada pelas águas do Mar Egeu. Da sua Igreja dirigia, com grande amor e sabedoria, o seu rebanho pelos trilhos do verdadeiro Evangelho e animava-o a nunca se deixar influenciar pela heresia, para que tivesse a coragem necessária para defender a Cristo contra os pagãos, se chegasse a hora de provar a sua fé.

Se quiséssemos resumir a vida deste homem, deste grande Bispo, teríamos que o fazer com uma só palavra: Amor. Amou e soube ensinar o único e verdadeiro amor.

Tudo o mais, dizia ele, devia ser colocado ao serviço deste Amor... Dentro destes parâmetros, se deve colocar toda a vida do verdadeiro cristão. De vez em quando, dizia às suas ovelhas: "Todo aquele que não confessar que Jesus Cristo veio em carne, é um anticristo; e o que não confessar o testemunho da cruz, procede do diabo; e quem distorcer as sentenças do Senhor no interesse das suas próprias concupiscências, esse é primogênito de Satanás"...

Todos conheciam a grande bondade e o terno coração de Policarpo. Ele é duro consigo mesmo, mas muito suave e doce para com os outros, menos para com os que tentam semear o erro entre as suas ovelhas. De seus lábios brotam palavras de amor e carinho, e não apenas palavras, mas atos maravilhosos a favor dos pobres e enfermos. A todos atende com caridade sem igual e como se tratasse do próprio Mestre. Às vezes até as crianças ficavam extasiadas ao ouvir as suas ardorosas palavras. Um destes meninos que não perde uma só palavra de quanto ouve a este venerável ancião, chama-se Ireneu e chegará a ser Bispo de Lião e grande Padre da Igreja. No seu caderninho de notas, este discípulo atento escreveu e transmitiu-nos estas formosas frases do seu mestre e pai na fé: "Cristo foi quem levantou sobre a cruz os nossos pecados". "Cristo é a nossa esperança e prenda da nossa salvação". "Cristo foi aquele que tudo suportou por nós"... Eram palavras formosas que pouco depois confirmará ao dar testemunho delas tom o seu sangue seu diálogo com o procônsul Estácio Quadrado é maravilhoso. Quando já o levam para sacrificar, ao ver as galerias repletas de curiosos, ordena-lhe o procônsul que aplauda César e maldiga Jesus Cristo.

"Como? - responde o valente ancião Policarpo. Quer que maldiga Jesus Cristo? Há oitenta e seis anos que O sirvo e nunca nenhum mal recebi d'Ele. Como posso maldizer o meu Rei que foi quem me deu a vida e me libertou de todos os meus inimigos? Se pretendes fazer-me jurar por César e finges ignorar quem sou, escuta-o com toda a clareza: Eu sou cristão".

Aqueles homens enraivecidos e famintos de sangue de cristãos, pedem feras contra aquele venerável ancião. O procônsul prefere fogo, uma grande fogueira... Querem prendê-lo para o lançar às chamas. Ele pede que não o prendam, dizendo: "Aquele que me deu a vontade de sofrer, me dará a força". Antes de expirar, com grande assombro de todos os presentes, exclama corajosamente: "Deus dos Anjos, dou-vos graças porque é uma grande honra para mim poder aproximar os meus lábios do cálice que o teu Filho Jesus Cristo bebeu". E naquele dia 22 de Fevereiro de 155 expirava santamente este "Pai dos cristãos e Príncipe da Ásia".