22 Jun 2021
São Tomás More e São João Fisher, bispo e mártir (1535)
Imagem do santo do dia

São Tomás More nasceu em Londres em 1478. Estudou em Oxford e em Londres. Foi um grande humanista. Amigo de Erasmo e de Luís Vives. Pensou durante algum tempo na vida monástica. Por fim, lendo a Cidade de Deus de Santo Agostinho, decide ser cidadão da cidade celeste sem se apartar da terrestre. A vida de Pico de Mirándola influenciou grandemente a sua vocação.

Casa-se com Joana. Tiveram quatro filhos. Fica viúvo e casa-se com Alice. More soube compaginar uma vida interior profunda com um grande escrúpulo nas suas obrigações profissionais, Como pioneiro na promoção dos leigos, enfrenta os problemas do seu tempo com critérios cristãos. Demonstra com o exemplo o valor da "obra bem feita".

Cresce o seu prestígio como advogado. Na corte pedem a sua colaboração. Cai o Cardeal Chanceler Wolsey e More é eleito Chanceler do Reino. Mau momento, pois Henrique VIII anda envolvido com Ana Bolena. O Rei quer a anulação do seu matrimonio com Catarina deAragón. Consegue-o, com pressões e dinheiro, com a condescendência de bispos e clero, de teólogos e canonistas. Diante de tanta cobardia bastarda, Tomás More renuncia ao cargo de Chanceler e encarregado do Grande Selo, ainda que intua que isso lhe vai custar caro.

More nega-se a assinar a Ata da Sucessão e da Supremacia, pela qual o rei se proclama Chefe da Igreja Anglicana e reclama a independência de Roma. More acata a autoridade civil do rei, mas não quer ser infiel à sua consciência. Isto foi como assinar a sua sentença de morte. Pouco depois, Tomás More é julgado e encerrado na Torre de Londres.

Muitos pedem-lhe que assine, que ceda, mesmo que seja necessário dissimular. A sua consciência não o permite. A sua filha Margarida visita-o com frequência. Rezavam juntos, pensavam no céu. São cenas afetuosas, insuperáveis..

No dia 6 de Julho de 1535 foi decapitado. Antes rezou o salmo 50: "Tende piedade de mim, ó Deus, segundo a tua bondade". Terminou a dizer que morria "como bom súbdito do rei, but God's first, mas antes, de Deus". Animou o verdugo a que cumprisse bem o seu ofício, e com o humor que sempre manteve - escreveu uma formosa oração sobre o humor pediu-lhe que não lhe cortasse a barba.

A cabeça rolou sobre as tábuas e foi cravada numa haste na ponte de Londres. A sua fiel filha Margarida recolheu-a, guardou-a numa caixa e quis que a colocassem sobre o seu peito quando fosse enterrada. Assim se conserva até hoje na Igreja de São Dunstan de Canturbury.

More escreveu muitos livros de piedade e de defesa da fé. O seu livro mais famoso é Utopia. Nele propõe um regime comunitário, sem proprietário, sem propriedade privada, o ideal para um mundo melhor, de momento inexequível.

Moro não é um fanático alucinado, mas um homem fiel, honrado, consequente até ao heroísmo. Pois há valores que estão por cima da própria vida. É um mártir pela unidade da Igreja e pela liberdade da consciência contra leis civis injustas. Pio XI canonizou-o em 1935.

João Fisher, bispo de Rochester e nomeado Cardeal, também recusou ceder aos caprichos de Henrique VIII: "Não levará o capelo, porque eu lhe cortarei a cabeça". Foi decapitado uns dias antes de Moro em 22 de Junho. Não levou o chapéu de cardeal, mas antes a auréola de santo. Também está canonizado.

Igualmente não cederam dois padres cartuxos -"Se não vos declarais partidários da reforma, faremos que vos deitem ao Tamisa". Eles responderam: "A nós a única coisa que nos importa é ir para o céu, e tanto nos dá chegar ao céu por terra como por mar".