21 Nov 2018
A Apresentação de Nossa Senhora no Templo
Imagem do santo do dia

Neste dia, em que se recorda a dedicação, no ano de 543, de Santa Maria a Nova, construída perto do templo de Jerusalém, celebramos a "dedicação" que Maria fez de si mesma a Deus, já desde a sua infância, movida pelo Espírito Santo, cuja graça a enchia plenamente.

Os livros canônicos não nos dizem nada deste acontecimento, mas é algo que se depreende da mesma natureza das coisas. Quando os pais eram estéreis e pediam a Deus um filho, já adiantadamente o ofereciam ao Senhor. Foi o que fizeram Joaquim e Ana, conforme conta a tradição.

Assim se exprime um antigo hino: "Os pais da Virgem Soberana, na sua esterilidade, alcançaram de Deus o grande tesouro, desta Menina sem par. Cumprem o seu voto e ao sagrado Templo, de três anos não mais, levam a sua prenda, qual agradável hóstia, nele quer morar".

Mas a razão principal deste fato está na pessoa da Virgem Menina, aquela Menina transparente, formosa e bela, celestial princesa. Foi concebida sem pecado. Gabriel chama-a, cheia de graça. Portanto, compreende-se que, como algo espontâneo, não havendo estorvo algum que o impedisse, a graciosa Menina lançar-se-ia intrépida para o Senhor, como para um íman irresistível. Quando Maria responde ao anjo: "como pode ser isto, pois eu não conheço homem?", dá a entender a sua consagração virginal.

Teria pressa em entregar-se ao Senhor. O amor, quando depende de si, não permite dilações nem distâncias. Teria Maria os três anos. Nem ela nem os seus pais queriam esperar mais. Havia já outros casos assim.

Há um quadro de Murilho com uma linda cena. Santa Ana está sentada ensinando a Menina a ler. E fá-lo com a Sagrada Escritura. Maria saberia muito bem o salmo 15: "O Senhor é a parte da minha herança e o meu cálice, o meu destino está nas suas mãos. Coube-me uma bela sorte, encanta-me a minha herança!"

Recitaria também o salmo 83: "Como é agradável vossa morada! A minha alma suspira ansiosamente pelos átrios do Senhor. Felizes os que moram em vossa casa, podem louvar-vos continuamente. Um dia em vossos átrios vale por mais de mil". Escutaria o salmo 44:

"Ouve filha, vê e presta atenção, esquece o teu povo e a casa de teu pai. De tua beleza se enamora o Rei. A filha do Rei avança cheia de esplendor, de brocados de ouro são os seus vestidos". Assim estaria a Menina Maria.

Muitos pintores, como Murilho, Jordão, Ticiano, Rafael, plasmaram, com força e galantaria, a festa da Apresentação. Seus pais em baixo, como que animando-a, Menina subindo os degraus, como que voando, movida pelas asas de um amor irreprimível, e em cima o sumo sacerdote de barba venerável e a cabeça adornada com a mitra de dois cornos, esperando-a satisfeito.

Muitas virgens passavam alguns anos da vida ao serviço do Templo. Pode estranham-se ver entre estas virgens aquela que é a Raínha de todas? Sim, houve outras. Mas nunca olhos mais puros tinham visto aqueles pórticos. "Como lírio entre espinhos", assim era a Menina entre todas.

Tudo ali lhe falava do Messias, o esperado das nações. E o seu terno coração inflamava-se em desejos da sua vinda, chamava-o com ânsias inenarráveís, sem saber ainda a excelsa missão a que Deus a destinava. Ali se preparava, na oração e no serviço, para a grande mensagem.

Hoje é um dia apropriado para que as almas consagradas renovem a consagração ao Senhor, com pressa e gozo como Maria. E repetindo com ela: "Couberam-me em partilha terras aprazíveis: muito me agrada a minha sorte!

Oração à Nossa Senhora da Apresentação

Minha boa Mãe do Céu, Nossa Senhora da Apresentação que, aos três anos subistes as escadarias do Templo para vos consagrardes inteiramente a Deus, praticando assim o ato de religião o mais agradável ao Senhor, seja-vos também agradável, a nossa homenagem, a nossa consagração.

Consagrastes ao Senhor, ó Rainha do Céu, o vosso espírito e vosso coração, em flor de infância, o vosso corpo e todas as potências do vosso ser pelo sacrifício total, o mais generoso e desinteressado, pela mais solene imolação que o mundo já viu, antes da imolação do Calvário.

Nós, aqui na terra de exílio, unimos aos espíritos celestes que assistiram a esta augura cerimônia que é como prelúdio de todas as vossas festas e com eles e todos os santos cantamos as glórias da vossa Apresentação benditíssima.

Amém.