21 Mai 2019
São João Nepomuceno, presbítero e mártir (+1393)
Imagem do santo do dia

São João Nepomuceno nasceu em Nepomuk, Boémia, em 1345. Desde criança foi objeto das predileções divinas: pais santos, inteligência e bondade, vocação sacerdotal, dons de profecia e milagres. Foi pregador e cônego. A imperatriz da Boémia, Joana da Holanda, escolheu-o para seu confessor.

São João é o mártir do segredo da confissão e padroeiro da boa fama. Não é fácil aproximar-se do sacramento da penitência. Por isso, Deus dá uma graça especial ao sacerdotes para guardar o segredo da confissão. O véu sagrado do sigilo sacramental jamais foi removido. Já o afirmava São João Clímaco no século IV.

Venceslau, Rei da Boémia, era um monstro, mais do que uma pessoa. Quando o acusavam de ser outro Nero, dizia que se não o tinha sido, o seria dali em diante. Apresentaram-lhe uma vez uma ave mal assada. E sem dar mais explicações mandou assar o pobre cozinheiro. A história apelida-o de Beodo e Folgazão, mas devia chamar-se a Besta do Apocalipse. Comprazia-se em afirmar, e tinha razões para isso, que o verdugo era o seu melhor camarada.

Viviam no palácio duas pessoas: a sua esposa, a imperatriz, e João Nepomuceno, seu confessor e diretor espiritual. Alguém, por inveja, sussurrou ao ouvido do rei uma infame suspeita infundada sobre a infidelidade da imperatriz. E Venceslau ficou tomado de terríveis ciúmes que nem a doce presença da esposa nem a santidade do confessor puderam dissipar.

Um dia viu o rei que a rainha se confessava ao P. João, e que logo a seguiria comungar. Então Venceslau concebeu o diabólico plano de se assegurar da fidelidade da esposa. Mandou chamar o confessor. - Padre João, vós conheceis a terrível dúvida que me atormenta; vós podeis dissipá-la. A imperatriz confessa-se a vós. Bastar-me-ia uma palavra. - Majestade, responde o confessor, como é possível que me proponhais semelhante infâmia? Sabeis que nada posso revelar. O segredo da confissão é inviolável. João sabe que está em jogo a vida. Nunca ninguém contradisse o tirano. Só João noutra ocasião se atreveu a opor-se aos seus planos... - Padre João, o vosso silêncio quer dizer que renunciais à vossa liberdade. - Ja¬mais consentirei em tal sacrilégio. Pedi-me outra coisa. Nisto digo como São Pedro: "Temos de obedecer antes a Deus que aos homens".

Poucas horas depois, João é lançado no cárcere. E submetido a terríveis torturas para o obrigarem a ceder. A,rainha obtém-lhe a liberdade e cura-lhe as feridas. Ainda pôde pregar na catedral, anunciando a sua morte, pois sabe que o tirano nunca lhe perdoará.

Pouco depois João tinha ido ajoelhar-se aos pés de Nossa Senhora de Bunzel. Venceslau arma-lhe uma cilada no regresso. Os verdugos esperam e mártir junto a uma ponte e lançam-no ao rio Moldava. Ainda ali se encontra a estátua como exemplo e memória. Era o dia 19 de Abril de 1393. A gente dizia que o rio se tingiu de vermelho e celeste resplendor, como sinal da glória do mártir. Outros acrescentam outros motivos pelos quais o rei odiava este piedoso e incorrupto sacerdote.

O seu epitáfio, na catedral de São Vito, de Praga, reza assim: "Aqui jaz João Nepomuceno, confessor da rainha, ilustre pelos seus milagres. Por ter guardado o sigilo sacramental foi cruelmente martirizado e lançado ao rio Moldava de uma ponte de Praga, por ordem de Venceslau IV, no ano de 1393». A sua língua conserva-se incorrupta. Foi canonizado por Bento XIII em 1729.