21 Abr 2017
Santo Anselmo, Bispo e Doutor da Igreja (+1109)
Imagem do santo do dia

O ilustre historiador cardeal Barónio chamou ao nosso santo "a luminária do século Xl e a Estrela da Inglaterra".

Nasceu na cidade de Aosta, no Piemonte italiano em 1033. Seu pai chamou-se Gandulfo e era ambicioso, apaixonado e muito amigo de boatos... Tinha posto as suas esperanças humanas no filho. A sua mãe, de origem talvez menos nobre, era enriquecida com muitos dotes sobrenaturais e, sobretudo, muito boa educadora e excelente cristã. Foi ela que mais influenciou a formação do pequeno Anselmo, como mais tarde o próprio haveria de confirmar com grande alegria. Igualmente serão os monges beneditinos que terão grande parte na formação do seu espírito, pelo que ele dirá mais tarde: "Tudo o que sou devo-o à minha mãe e aos monges beneditinos". Às vezes, sua mãe, mostrando-lhe os cumes dos Alpes que pareciam cortar os céus em duas partes, dizia-lhe: "Olha, meu filho, ali começa o reino de Deus. A este reino somos nós chamados e a ele chegaremos, se formos bons".

Sua mãe morreu quando mais necessidade ele tinha da sua ajuda. O pai supriu em parte esta educação, mas conduzindo-o com demasiada dureza. E certo que isto evitou que ele se entregasse à vida licenciosa que seguiam outros jovens da sua idade. Mas também não se sentia feliz, porque se sentia constrangido na vivência da sua vida cristã como ele julgava que devia fazê-lo e correspondia aos filhos de Deus. Tomou consigo um criado e algumas provisões e errou vagabundo saboreando diversos gêneros de vida, até chegar ao Mosteiro de Bec, na Normandia, onde já era famoso um companheiro seu, Lanfranco de Pavia. Pediu para ser admitido como religloso e vestiu o hábito aos 26 anos de idade. Pouco depois, era nomeado Prior e, depois, Abade daquele célebre Mosteiro. O exemplo que Anselmo dava em tudo era maravilhoso. Entregou-se a servir a todos com grande caridade. Sentia-se feliz, entregando-se à oração e ao estudo, em que estava muito bem preparado, porque tinha frequentado as mais importantes escolas do seu país.

Os anos que passou como Abade em Bec foram verdadeiramente fecundos. Entregou-se em cheio à sua missão de Pai bondoso e animador de todas as obras que se realizavam no Mosteiro, mas ainda lhe sobrava tempo para escrever e dar aulas. Pode dizer-se que era um verdadeiro e profundo filósofo, teólogo, conhecedor das ciências do seu tempo, chegando a ser um dos Padres mais importantes da Idade Média. Amava ternamente a Virgem Maria e sobre Ela escreveu belos tratados. Chamaram-lhe "o segundo Santo Agostinho", tão profundos eram os seus escritos e as suas aulas. Escreveu o PROSLOGION, com o célebre argumento ontológico para demonstrar a existência de Deus. Lançou' os fundamento da Teologia escolástica com as suas famosas palavras: "Não procuro entender para crer, mas creio para entender. Pois quem não crê não experimenta, e quem não experimenta, não crê".

Lutou também para desmascarar os inimigos da Igreja e da fé cristã. Refutou o racionalista Roscelino e ao famoso Guilherme, o Vermelho, disse em tom profético: "Não te empenhes em jungir um touro com um cordeiro, porque não poderão lavrar"...

Esta profecia cumpriu-se quando em 1093 foi eleito para governar a diocese de Cantuária. Ele opõe-se, ele é o manso cordeiro que tudo quer às boas e em paz. O touro é o próprio Guilherme II, sobretudo, déspota e simoníaco... contra o qual deverá lutar para defender os direitos da Igreja. A luta será longa e dura. Mas não importa.

A união com a Igreja de Roma está ameaçada. Ele será o caudilho da fidelidade e da união com o Papado. Com suavidade, e ao mesmo tempo com grande valor e energia, defende a união com o Papa sem se importar que o desterrem por duas vezes. Cheio de méritos, morre a 21 de Abril de 1109. É o "herói da doutrina e virtude, é intrépido nas lides da fé".