21 Fev 2020
São Pedro Damião, Bispo e Doutor da Igreja (+1072)
Imagem do santo do dia

Se às vezes nos deixássemos guiar pelas aparências, os nossos erros seriam enormes. Mas a Divina Providência sabe guiar os nossos passos, embora nem sempre o saibamos apreciar. Assim pensaria no seu obscuro porvir este menino que os pais abandonaram, que desde pequenino leva uma vida de animal, e que quando já mais velho, um irmão seu o trata com desusada crueldade e que, para matar a fome, lhe manda guardar os seus porcos... Mas o 5enhor deu-lhe um coração de ouro e qualidades nada comuns que, depois, alguém saberá apreciar. Um dia vai numa viagem e encontra uma moeda de ouro. Nunca tinha vista uma coisa tão preciosa. Em vez de comprar algo de útil ou supérfluo entra numa igreja e com aquela moeda manda celebrar uma Missa pelos seus pais já falecidos.

Um seu irmão, que era arcipreste de Ravena, encontra-se com ele e toma-o a seu cuidado. Fá-lo estudar e logo descobre nele qualidades tão extraordinárias que bem cedo chega a escalar todos os mais difíceis postos, quer na cátedra, quer na Igreja. Nunca pensariam os que o viram levar uma vida infra-humana e a guardar porcos que um dia chegaria o Papa Alexandre II a apresentá-lo ao Episcopado de França como seu Legado e lhes escreveria: "Enviamo-vos aquele que depois de nós tem a maior autoridade na Igreja Romana, Pedro Damião, Cardeal Bispo de Óstia, que é como que a pupila dos nossos olhos e o mais firme baluarte da Sé Apostólica..."

Enquanto estudava, foi a admiração de todos os companheiros e professores, e logo foi eleito ele mesmo Professor das mais famosas Universidades, como Parma, Faenza, Ravena... Apesar de gostar tanto da ciência, esta não lhe enchia as medidas e daí aspirar a algo mais sólido e duradouro. Abandonou o gênero de vida que levava e entregou-se ao que considerava mais importante: a salvação da alma. Acabava de ser fundado um mosteiro em Fontavellana, ao pé do Apenino e pediu para ser aí admitido como religioso... Logo as suas qualidades chamam a atenção e é eleito por unanimidade Superior do mosteiro. Ao vestir o hábito, como grata recordação do seu irmão que tanto o ajudou, toma o seu nome, Damião. E um modelo de observância para todos os monges. Distingue-se sobretudo em duas coisas: fervorosa e prolongada oração e penitência ou maceração do seu corpo. Por esta altura publicou a sua preciosa obra "Louvor da disciplina", na qual, sem o pretender, traça um magnífico retrato de si mesmo. "O monge, diz ele, deve ser sacrificado e privar-se de muitas coisas que teria no mundo..."

Não eram fáceis aqueles tempos do século XI que lhe tocou viver. Apesar de estar muito metido no seu mosteiro, e só entregue ao cuidado da própria alma e dos seus monges, mesmo assim via que era preciso fazer algo contra tanta hediondez e podridão. O Papa Estevão IX nomeou-o Cardeal, não obstante ele ter lutado para não aceitar essa honra. Entregou-se a pregar por toda parte, como Legado de Papas e Reis, a Boa Nova do Evangelho. Fazia-o com uma eloquência que a todos arrebatava convencia... O Papa quis tê-lo perto de si e nomeou-o Bispo de Óstiã. Daí ilumina e fustiga as heresias de toda a espécie: simonia, relaxação de costumes entre o clero, intromissão do poder civil no ecIesiástico.

A todos chega a sua benéfica ação. Percorreu várias nações em missões pontifícias, fazendo que o imperador Henrique IV da Alemanha renunciasse ao seu projetado divórcio. Escreve sobre temas tão candentes e necessários como o celibato, a virgindade, a entrega a Jesus Crista, Diz coisas magníficas sobre a Virgem Maria a quem ama com toda a alma e como bom filho estende a sua verdadeira devoção por toda a parte. Dele é esta frase que é todo um programa de vida: 'Todos os cristãos têm que viver a loucura da Cruz e afastar-se de toda a filosofia terrestre, animal e diabólica, contrária ao Evangelho.

Morreu a 22 de Fevereiro de 1072, esgotado pelos seus trabalhos.