20 Jun 2019
Santa Florentina, Virgem
Imagem do santo do dia

Encontramo-nos perante uma história verdadeiramente prodigiosa. Quatro irmãos santos reconhecidos como tal pela Igreja: São Leandro, Santo Isidoro, São Fulgêncio e Santa Fiorentina.

Os pais da nossa santa chamavam-se Severiano e Túrtura. Eles souberam educar cristãmente os filhos, cujos frutos agora reconhecemos. O pai desempenhava um alto cargo em Cartagena mas por razões políticas teve de imigrar para Sevilha em 554.

Aqui continuaram dando maravilhoso exemplo de unidade e de vivência das virtudes cristãs. Leandro chegará a ser Arcebispo de Sevilha e perante a morte dos seus pais, ficará encarregado de formar os irmãos mais novos: Isidoro, que será também Arcebispo de Sevilha e uma grande luz de Espanha; Fulgêncio, que foi bispo de Ecija e Florentina.

A Florentina estará reservada a graça de se consagrar ao Senhor na vida religiosa e a de ser abadessa e madre de muitas monjas. Ela será por sua vez aquela que mais influirá na formação e consagração a Deus. A sua juventude foi tão santa como podia esperar-se daquele lar onde reinava o amor e o santo temor de Deus. O trabalho e a formação espiritual era ao que estavam chamadas, especialmente as mulheres da época visigoda, a que pertencem estes quatro irmãos.

Ao trabalho, sobretudo de São Leandro, se deve a conversão de Santo Hermenegildo à fé cristã e o martírio e a conversão posterior de Recaredo e com ele de toda a península.

Vale a pena trazer aqui os conselhos que num precioso tratado dava São Leandro à sua irmã Florentina valendo-se do nome da sua piedosa mãe, Turtur, em latim, que significa rola em português: "Não queiras fugir do telhado onde a rola tem os seus filhotes. És filha da inocência, da candura, tu precisamente que tiveste a rola por mãe. Mas ama muito mais a Igreja, rola mística que todos os dias te gera para Cristo. Descansa a tua velhice no seu seio, como então descansavas e embalavas o teu ardor no regaço daquela que cuidou de ti na infância.

Ah, minha irmã querida, compreende, se puderes, o ardente desejo que inflama o coração do teu irmão de te ver unida a Cristo! Tu és o melhor de mim mesmo. Desgraçado de mim se outro pretendesse despojar-te da tua coroa! Tu és diante de Cristo o meu baluarte, tu minha querida prenda, minha hóstia santa pela qual hei-de merecer sair do abismo dos meus pecados. . ."

Perante tais afirmações, quem é capaz de não admirar o profundo amor que professa o seu irmão e a grande estima que sente pela vida consagrada?

O mesmo São Leandro escreverá para a sua irmã e para as demais monjas do seu tempo um excelente tratado que virá a ser uma espécie de regra que influenciará grandemente todos os mosteiros femininos do seu tempo. Diz-lhe, entre outras coisas: que não se relacione com mulheres casadas, porque vivem num estado diferente; que seja serviçal com as irmãs que vivem com ela e que procure não fazer sofrer nenhuma; que procure ler e orar continuamente e que quando tiver algum trabalho procure que outra lhe leia algo. Se viver a vida comunitária, a sua vida assemelhar-se-á à dos apóstolos; que deve procurar permanecer sempre no mesmo mosteiro. E dá um conselho para ela, que era superiora: que seja discreta para saber o que deve conceder e negar segundo as necessidades de cada uma; que não tenha dinheiro, já que no mosteiro tudo é comum... Boas regras que Florentina sempre procurou viver e que vivendo-as chegou à perfeição. Morreu pelo ano de 636.