A Igreja desfrutava de paz na segunda metade do século III. Com ela cresceu enormemente o número de cristãos. O resultado foi que se estendeu uma certa tibieza e se originaram lutas civis entre os cristãos, como explica o historiador Eusébio. No final do século a Providência permitiu uma nova perseguição, da parte de Diocleciano e Maximiano, que começou precisamente pelos membros das tropas. Um desses casos mais famosos foi o do soldado Sebastião.
Sebastião, filho de uma família militar e nobre, era oriundo de Narborna, mas foi educado em Milão. Chegou a ser capitão da primeira coorte da guarda pretoriana. Era respeitado por todos e apreciado pelo imperador, que desconhecia a sua qualidade de cristão. Cumpria com a disciplina militar, mas não participava nos sacrifícios idolátricos. Além disso, como bom cristão, exercia o apostolado entre os companheiros, visitava e animava os cristãos encarcerados por causa de Cristo.
Esta situação não podia durar muito. Foi denunciado ao imperador. Maximiano chamou-o, condenou a sua conduta e obrigou-o a escolher entre ser soldado ou seguir a Jesus Cristo. Sebastião não duvidou, escolheu a milícia de Cristo. Enlouquecido, o imperador ameaçou-o com a morte. O cristão Sebastião, convertido em soldado de Cristo pela confirmação, manteve-se firme na fé. Então, Maximiano enfurecido, condenou-o a morrer ferido por setas. Os seteiros levaram-no para o estádio, desnudaram-no, ataram-no a um poste e lançaram sobre ele uma chuva de setas. E deixaram-no ali como morto.
Segundo o relato do seu martírio, os amigos que estavam à espreita, aproximaram-se e, ao ver que ainda estava vivo, recolheram-no e levaram-no para casa de uma nobre cristã romana, chamada Irene, que o manteve escondido em sua casa e o curou das feridas até ficar restabelecido.
Os seus amigos aconselharam-no a que se ausentasse de Roma, mas Sebastião não aceitou, porque estava apaixonado pela idéia do martírio. Apresentou-se inesperadamente ao imperador, que ficou desconcertado, pois julgava-o morto. Sebastião reprovou com energia a sua conduta de perseguir os cristãos. Maximiano mandou que o açoitassem até morrer. Os soldados cumpriram desta vez, sem erro, a tarefa e atiraram o seu corpo a um lodaçal. Os cristãos recolheram-no e enterraram-no na Via Ápia, na célebre catacumba com o nome de São Sebastião.
O culto a São Sebastião é muito antigo. É invocado contra a peste e contra os inimigos da religião. É um dos santos mais populares e aquele que tem mais imagens e igrejas dedicadas ao seu nome. É chamado o Apoio cristão, um dos santos mais reproduzidos na arte cristã, visto que o seu martírio com o tronco desnudado e coberto de flechas, oferece aos artistas maior campo de ação. Mas a beleza estava sobretudo na sua alma, na sua inquebrantável fidelidade a Cristo, que ele preferia a todas as vantagens e prestígios humanos, que lhe oferecia o imperador.
Santo Ambrósio, que seria depois arcebispo de Milão, foi o seu grande panegirista: "Aproveitemos o exemplo do mártir São Sebastião. Era oriundo de Milão e partiu para Roma no tempo em que a fé era terrivelmente perseguida nesse lugar. Ali padeceu, ou melhor, ali foi coroado".
No céu goza de uma dupla auréola de mártir, pois padeceu duplo martírio, suficiente cada um deles para receber a coroa da glória. A sua generosidade em suportá-lo pela segunda vez é um exemplo para todos.
Oração a São Sebastião
Glorioso martir São Sebastião, valoroso padroeiro e defensor da cidade do Rio de Janeiro, vós que derramastes vosso sangue e destes vossa vida em testemunho da Fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, alcançai-nos do mesmo Senhor, a graça de sermos vencedores dos nossos verdadeiros inimigos: o Ter, o poder e o prazer, que fazem viver sem fé, sem esperança e sem caridade. Protegei, com a vossa poderosa intercessão, os filhos desta Terra. Livrai-nos de toda Epidemia Corporal, Moral e Espiritual. Fazei que se convertam aqueles que, por querer ou sem querer, são instrumentos de infelicidade para os outros. E que o justo persevere na sua fé e propague o amor de Deus, até o triunfo final. São Sebastião, Advogado contra a Epidemia, a Fome e a Guerra, rogai por nós.