19 Mai 2017
São Pedro Celestino, Papa (+1296)
Imagem do santo do dia

São Pedro Morone, mais tarde Celestino V, nasceu nos Abruzzos, Itália. "Meus pais, conta na sua Autobiografia, tiveram doze filhos, como Jacob, e o seu maior desejo era oferecer algum ao Senhor. Foi escolhido o undécimo, (ele mesmo), que se chama Pedro, corno foi escolhido José, na casa de Jacob». Pedro repetia com frequência a sua mãe: «Quero ser um bom servo de Deus".

Pedro era a humildade personificada. Os seus desejos inclinavam-no para a vida dos anacoretas. Caminhou para uma montanha e ficou numa gruta, totalmente dedicado à oração. Depois cavou um buraco numa rocha para maior austeridade. Alternavam-se grandes tentações com profundas consolações.

Acudiam muitos a consultá-lo. Animaram-no a receber o sacerdócio. Acedeu e foi a Roma recebê-lo. De regresso, ficou outros cinco anos noutra cova para viver na solidão com Deus. Tinha dúvidas sobre a celebração da missa. Pensava que se celebrasse acudiriam muitos e perderia a solidão. Além disso, sentia-se indigno. A voz do céu fez-se ouvir. Celebra missa, filho Mas São Bento e outros santos não se atreveram. Não sou Digno Ninguém é digno. Celebra missa com temor e tremor. E fica tranquilo!

Um dia chegou uma visita inesperada. Era o arcebispo de Lião com vários prelados, embaixadores do conclave, notificando-lhe que tinha sido eleito Sumo Pontífice. Rondava já os 80 anos. Era no ano de 1294. Muitos alegraram-se com esta eleição. Era necessário um Papa santo, que rompesse com as intrigas dos Orsinis e dos Colonas no Sacro Colégio. Além disso, era preciso terminar com o longo interregno de mais de dois anos sem Papa.

Pedro Morone cedeu e tomou o nome de Celestino V. Montado humildemente num jumentinho entrou em Áquila, como Jesus em Jerusalém. Recebeu a homenagem dos cardeais, a consagração episcopal e a coroação como Papa. Não quis ir a Roma, sobressaltada com as lutas da cidade. Foi para o seu Palácio Real de Nápoles e fez construir uma cabana dentro dessas construções para viver melhor a solidão. Mas o rei de Nápoles influenciava-o demasiado e os assuntos da Cúria iam de mal a pior.

O seu temperamento pouco sociável, o desconhecimento das coisas humanas, trouxeram-lhe grandes dificuldades. Além disso, tudo eram intrigas e ambições. Então convenceu-se da sua incapacidade para o cargo e deu um grande exemplo de humildade e desapego das grandezas e honras terrenas.

Constituiu uma comissão para estudar a possibilidade de renúncia. Concedido o visto favorável, reuniu os cardeais e leu a bula de abdicação. Foi uma cena única na história. É "a grande renúncia" que Petrarca louvará e Dante censurará até o meter no inferno. Tinha governado melhor, tinha ocupado o sólio pontifício - uns cinco meses.

Pouco depois era eleito o seu sucessor Bonifácio VIII, que encerrou Pedro Celestino no castelo de Monte Fumone, junto de Anani, com medo de um cisma. Ali viveu como um simples monge, conforme era seu desejo. Ali continuou a sua vida de oração, solidão, e penitência, até Maio de 1296 quando morreu. O Papa Clemente V elevou-o à honra dos altares em Avinhão em 1313. Quando Paulo VI visitou o Monte Fumone, era já débil e idoso; muitos esperaram ver, então, uma possibilidade de renúncia, que não se realizou no entanto.