São João de Ribera nasceu em Sevilha. Os seus pais chamavam-se Pedro e Teresa, família que se distinguia entre a nobreza pela sua generosidade. Eles enviaram João para estudar em Salamanca. Aí foi excelente discípulo de Vitória e de outros teólogos que brilharam no Concílio de Trento. Ribera alcançou os seus títulos e teve uma cátedra na universidade. Esteve estreitamente unido à plêiade de santos reformadores que floresciam nessa data em Espanha.
Não tinha 30 anos quando foi nomeado pelo Papa Pio IV bispo de Badajoz. Dedicou-se em cheio à santificação das suas ovelhas, enviando missionários por toda a diocese, como recorda com grande alegria o Mestre Ávila numa das suas cartas. Também envia para o concílio provincial compostelano algumas soluções práticas para a reforma pessoal dos bispos, aplicação concreta do concílio tridentino.
Estas soluções refletiam a sua própria vida, entregue ao cuidado dos fiéis, pelos quais se interessava na oração, virtudes, austeridade e pregação. Quando pregava, os vizinhos de lugares próximos convidavam-se mutuamente: "Vamos ouvir o apóstolo". E acorriam em multidão.
Aos 36 anos, jovem na idade mas amadurecido já na doutrina, virtude e prudência, tendo já o título de patriarca de Antioquia, foi trasladado para a sede de Valência. Grande madrugador, dedicava desde o amanhecer várias horas à meditação da Sagrada Escritura, à oração do ofício divino e à missa. Por vezes celebrava na sua capela privada. Então, depois da consagração o ajudante afas-tava so e só voltava quando ele o chamava com uma campainha, geralmente duas ou três horas depois. Era muito parco na comida e na bebida. Passava noites sem se deitar numa cama. Atendia longamente os fiéis. Às vezes fechava-se no seu jardim-biblioteca da rua Alboraya. Antes de se retirar, à noite, passava horas em oraçao.
Previu logo as necessidades da diocese. Havia apenas quinze anos que tinha morrido São Tomás de Villanueva, depois de a diocese ter estado mais de cem anos sem a presença de pastores. A Ribera era confiada agora a aplicação das reformas de Trento. Havia também a dificultosa questão dos mouros, que catequizou largamente embora com pouco fruto. Foram expulsos em 1609 por Filipe III, sendo Ribera vice-rei de Valência. O arcebispo aceitou este cargo, a podido do rei e Valência desfrutou de longos ano de paz e de melhor administração da justiça.
Percorreu várias vezes a diocese Entre 1570 e 1610 levou a cabo 2.715 visitas pastorais. Celebrou sete sínodos. Atenção de modo especial os sacerdotes. Através deles reformaria o povo. Não esquecia as crianças e no seu retiro de Burjasot, perto de Valência, catequisava-as. Para os jovens abriu uma escola no seu palácio. Fundou o Colégio de Corpus Christi para a formação do clero e honra solene do Santíssimo Sacramento.
O servo de Deus morreu em Janeiro de 1611. Conta-se que no seu funeral abriu os olhos para adorar o Senhor desde a consagração até à comunhão do celebrante. Esta "luz de toda a Espanha", como o qualificou São Pio V, continuaria a brilhar no céu. Os pintores também se uniram à homenagem dos fiéis. O divino Morales reflete no seu rosto um homem de temperamento contemplativo e ativo. E quando El Greco pintou o Enterro do Conde de Orgaz, ao pintar Santo Agostinho, desenha no seu rosto as feições de São João de Ribera. O nosso Santo foi um exemplo de devoção ao Santíssimo Sacramento.