Na igreja de Cristo floresceram sempre exemplos surpreendentes. Homens sem instrução que confundiam os seus juízes. Pessoas débeis que tiravam força da fraqueza e suportavam os tormentos sorrindo e cantando. Meninos e meninas que enfrentavam o martírio com uma valentia e decisão que deixavam desconcertados e perplexos os inimigos.
É o caso de Santa Prisca, virgem e mártir. Claudio, que era agora o imperador, tinha conseguido brilhantes vitórias contra os seus inimigos. O seu regresso a Roma foi ruidoso e triunfal. Mas algo ensombrava as vitórias. Os cristãos desfrutavam ultimamente de paz e, por isso, tinham-se multiplicado e começavam a ter bastante influência. Cláudio, receoso, não estava disposto a suportá-lo.
Quis como pagão agradecer aos seus deuses as vitórias alcançadas e para obter os seus favores começou a perseguir cruelmente os cristãos como inimigos dos deuses e do império. Muitos mártires derramaram por Cristo o seu sangue em Roma, depois de padecer inúmeras torturas e terríveis tormentos e foram coroados no paraíso.
Entre eles está uma donzela de 13 anos, Prisca, terna pela sua idade, mas de vontade firme. Tinha nascido em Roma e era descendente de ilustre família. O imperador mandou prepará-la e que a conduzissem à sua presença. Ao vê-la tão nova, Cláudio pensou que facilmente a levaria a mudar de opinião. Fê-Ia conduzir ao templo de Apoio para que oferecesse sacrifícios. O imperador não esperava encontrar uma jovem donzela com decisões tão firmes. Prisca negou-se e afirmou que só Jesus Cristo merecia adoração e não os demônios que veneravam os gentios.
Cláudio ficou encolerizado, mandou esbofeteá-la sem compaixão e prendê-la num cárcere hediondo, entre foragidos e delinqüentes, que tentavam em vão seduzi-la. Açoitaram-na cruelmente, deitaram azeite a ferver sobre as suas tenras carnes e conduziram-na de imediato ao anfiteatro perante o povo. Soltaram um leão para que a esquartejasse e devorasse. Mas aquele leão, esquecendo-se da sua ferocidade natural, deitou-se aos pés da virgem, como uma ovelha, e começou a lambê-los e a acariciá-la mansamente.
Os pagãos ficaram confusos, porém Cláudio não recuou no seu intento. Foi colocada de novo na prisão e submetida a cruéis e diversos tormentos. Lançaram-na a uma fogueira para acabar com ela de uma vez, mas o fogo respeitou-a. Não tinha chegado ainda a sua hora e o Senhor sustinha-a com o poder do seu braço.
Mas o cruel imperador, que atribuía à magia dos aqueles prodígios dos cristãos, não se daria por vencido. Como costuma acontecer em muitos casos, quando já se tinha demonstrado a proteção divina, chegava por fim a coroa do martírio. Foi levada para.fora da cidade e ali Prisca ofereceu com mansidão a sua cabeça para ser decapitada.
Santa Prisca, deixa o mundo repleto do suave odor e fragrância do seu martírio e também admirado com a sua virginal pureza e heróica constância. Sobe ao céu para gozar o seu triunfo com as virgens, os mártires e os anjos. O seu corpo foi enterrado na Via Óstia a 18 de Janeiro do ano de 269. As suas relíquias, que se conservam em Roma, na igreja que tem o seu nome, foram sempre muito veneradas e a elas se atribuem diversos milagres. A igreja de Santa Prisca, como sucede com as igrejas antigas mais importantes de Roma, goza de um título cardinalício.