15 Jul 2020
São Boaventura, bispo e doutor da Igreja (+1274)
Imagem do santo do dia

São Boaventura nasceu em 1227 em Bagnoreia, aldeia da Toscânia. Conta-se que, sendo menino, estava doente quando passou por ali São Francisco que o curou e o chamou para a sociedade dos Irmãos Menores. Parece que o serafim de Assis quis deixar uma centelha do seu espírito no Doutor Seráfico.

A Sorbona de Paris vibrava com as discussões dos grandes mestres, Guilherme do Santo Maior, Alberto Magno, Siger de Brabante, o Doutor inglês, Alexandre de Hales e o Doutor Angélico Tomás de Aquino. Todos comentavam Pedro Lombardo. E por trás de todos estava Aristóteles e Avërróis.

Quando Boaventura chega a Paris horroriza-se com tantas disputas. Ele procura a paz e a parte de verdade das opiniões alheias. Segue sobretudo a Alexandre de Hales, «um pai e mestre», do qual herdará a cátedra.

Começa por comentar Pedro Lombardo, o Mestre das Sentenças. Surpreende a sua definição da teologia «como uma ciência afetiva». Tanto como a inteligência fala o coração no comentário que publica sobre Pedro Lombardo. É obra de especulação e de edificação ao mesmo tempo.

Boaventura, como antes Sto Anselmo, pertence à escola agostiniana. Era um temperamento agostiniano e platônico, mas tem também grandes influências aristotélicas. Seguia também o critério socrático, segundo o qual a ciência deve servir para nos fazer melhores e conduzir-nos ao amor. Por isso as suas opiniões tendem sempre a despertar a piedade, a enaltecer a ideia de Deus e a res¬saltar a vaidade das coisas criadas.

Para São Boaventura, como para Sto Agostinho, a união da alma com Deus é o termo de toda a ciência, e isto verifica-se pelo amor. Por isso o seu ensinamento é mais afetivo e prático do que especulativo. Não lhe interessa o método escolástico, mas o de fazer mais virtuosos os seus discípulos. Se Tomás se esforça, sobretudo, por iluminar as inteligências, ele busca mais inflamar os corações. Os dois encontrar-se-iam muitas vezes. Sem dúvida que se compreenderam e estimaram reciprocamente. Eram complementares. «Um, diz Dante, foi todo seráfico no ardor. O outro foi um es¬plendor de luz querubina».

Quando os filhos de Francisco e de Domingps se multiplicaram, muitos viram que começavam a perder infIuência, e nasceu entre eles a inveja perante a subida dos frades mendicantes, encabeçados por Guilherme do Santo Amor. Tomás e Boaventura uniram-se para os desmascarar. Boaventura publicou o De perfetione evangelica, apologia apaixonada da perfeição cristã que deixou mal vistos os difamadores.

São Boaventura é uma das personalidades mais ricas que houve na Igreja. É pregador e professor, filósofo e poeta, teólogo e místico. E tudo em grau elevadíssimo. É um bom governante quando aos 35 anos é eleito Ministro Geral dos Franciscanos. Com suavidade e energia anima os irmãos relaxados e modera os extremismos dos irmãozinhos (fraticelli).

É um grande escritor como o mostra em Solilóquo, Os três caminhos sobre a oração, a meditação e a contemplação, o Hexameron, e O Itinerário da mente para Deus, que é um retrato da sua própria vida. Finalmente, no monte Alverne, escreveu, entre lágrimas, a Vida de S. Francisco.

Gregório X fá-lo cardeal e bispo de Óstia. Em 1273 Tomás e Boaventura dirigem-se a Lião para participarem no XIV Concílio Ecuménico. Tomás morre no caminho. Boaventura fica com a responsabilidade no trato com os orientais. Com sabedoria e doçura consegue que assinem a sua união com a Igreja do Ocidente. Oito dias depois voava para o céu.

Orações a São Boaventura

Ó bondoso São Boaventura, por uma especial graça de Deus, fostes escolhidos para ser zeloso doutor de pastor da Igreja de Jesus Cristo, para louvar vosso privilégio. Vós sois agradáveis diante de Deus, pela missão de pastor, honrastes e defendestes a Igreja de Jesus, pelo encargo confiado de preparar o segundo concílio de Lião. Pelo crédito que gozam vossas orações jundo de Jesus e Maria, encontrastes no vosso trabalho a expressão generoso da caridade, em favor do bem comum. Soubestes ensinar e vivenciar a caridade, como fundamento da doutrina de Jesus Cristo. Por isso, Deus vos abençoou. E nós vos louvamos, agradecemos a Deus por termos como nosso padroeiro. Neste encontro de irmãos, lembrados de vossas virtudes, vos pedimos que nos alcanceis de Jesus, o Filho de Deus, viveremos unidos a Ele, pela vida em família, no testemunho de vosso trabalho e pela esperança cristã que os vossos sofrimentos cristamente assumidos, sejam para nós a garantia da ressurreição. Deus honra, glória e louvor. Amém!