15 Mai 2019
Santo Isidro Lavrador (+1170)
Imagem do santo do dia

Santo Isidro Lavrador foi um santo tão humilde que não sabemos nada, nem de seus pais, nem da sua infância, nem da sua juventude. Os seus principais biógrafos são João, o Diácono, Furtado de Mendonça e Afonso de Vilhegas. Mas mais do que autênticas biografias eles apresentam-nos um catálogo de milagres, para exprimir o seu poder de intercessão diante de Deus a favor do próximo.

A sua pequena história foi assim resumida: «Pelo século XII, enquanto Espanha forjava com gloriosas façanhas a grandiosa epopeia nacional e criava uma nova civilização, um desconhecido lavrador, vizinho de Madrid - a Vila conquistada aos mouros por Afonso VI - lavrava as terras do seu amo».

Ainda se pode concretizar mais: Isidro nasce em Madrid, por volta de 1095. Casa em Torrelaguna com Maria Toríbia, de Uceda Santa Maria da Cabeça -. Têm um filho, filho do milagre e da santidade. Trabalha para lvan de Vargas em terras de Carabanchel e de Getafe, nas margens do Manzanares e do Jarama. Reza no campo, em Santo André, em Nossa Senhora de»tocha, na Almudena. «Antes de lavrar o solo, oh esperança cheia de amor na Virgem Almudena!, lavrava, piedoso, o céu».

É um santo simples, todo simplicidade, no qual não ficam bem a seriedade e a dureza das pinceladas fortes de Goya. Mas Deus derruba do trono os poderosos e enaltece os humildes, e compraz-se em revelar as suas maravilhas aos pequeninos.

Por isso, quando ninguém se lembra já do seu contemporâneo Afonso VI, Madrid continua a celebrar todos os anos com regozijo o Celeste Patrono da Vila e Corte. Padroeiro também dos lavradores e ganadeiros espanhóis. Assim o cantou o seu conterrâneo Caldeirão: «Madrid, embora teu valor estejam Reis alevantando, nunca foi maior que quando tiveste tal Lavrador». O outro grande vate madrileno, Lope, não se ficou atrás em elogios.

A sua virtude está tecida de oração, caridade e honroso trabalho. Não pretende nada de extraordinário, mas tudo faz extraordinariamente bem. Os milagres, isso sim, chovem-lhe das mãos. Deus compraz-se nisso. Parecem uma antecipação das Florinhas de S. Francisco de Assis...

«Sobem as águas do poço, para lhe restituírem o seu filho, caído no fundo. Revive o jumentinho e morrem os lobos que o amordaçaram. Multiplica-se o trigo que a sua piedade oferece aos pássaros famintos. Não se esgota a panela donde socorre os pobres. Brota a água do rochedo ao golpe da sua milagrosa aguilhada...». E o milagre mais famoso: Isidro é acusado por inveja de abandonar o trabalho para ir à missa. Ivan de Vargas quer comprová-lo vê, assombrado, como descem os anjos a arrancar as estevas, enquanto Isidro ouve missa na Almudena.

Junto à ermida do Manzanares está a fonte milagrosa. A devoção popular colocou ali estes versos simples: «Pois Santo Isidro garante! que se com fé beberes! e calor tiveres,! voltarás sem calor» (Pues San Isidro asegura que si com [e Ia bebieres e calentura tuvíeres volverás sin calentura).

No ano de 1170, silenciosamente, entregou a sua alma a Deus. O seu corpo incorrupto conserva-se na igreja de Santo André. «Oh arado, oh esteva, oh aguilhada de Santo Isidro: sois tão imortais como o canto do Cid, o báculo de Santo Isidoro, a coroa de 8. Fernando e a pena de Santa Teresa!».

O dia 12 de Maio de 1622 foi um grande dia para a Espanha: Gregório XV canonizava com 5. Isidro, mais três espanhóis, lnácio de Loiola, Francisco Xavier e Teresa de Jesus. Tão glorioso acontecimento não seria superado até 29 de Março de 1987, dia em que seriam beatificados cinco espanhóis.