15 Abr 2019
São Telmo, presbítero (+1246)

"São Teimo, salvai-nos!" "Valha-nos São Teimo!..." E esta a exclamação e súplica que brota, com fé e fervor, das gargantas e corações de todos os homens do mar, quando as ondas os fustigam sem compaixão e estão prestes a naufragar...

São Teimo nasceu na vila de Frómista, próximo de Palência, pelo ano de 1180, de pais muito cristãos e família distinta. Foi batizado na paróquia de São Martinho, e deram-lhe o nome de Pedro González, embora depois ficasse conhecido por Teimo, já que todos os que trabalham no mar o tomarão por Patrono e poderoso intercessor dian¬te do Senhor, e era preciso abreviar.

Como o Bispo de Palência, D. Telho Téllez de Meneses, era seu tio, foi ele quem lhe patrocinou os primeiros anos de vida estudantil e dirigiu os seus passos na universidade palentina - muito famosa então - e na carreira clerical para que se sentia inclinado. Logo chamou a atenção pelas suas qualidades para os estudos, em que se via progredir a passos de gigante. Mas, ao mesmo tempo que se entrega aos estudos, também o faz às diversões e amizade, visto que no seu coração também se albergam desejos de grandeza e domínio sobre os outros.

Os historiadores mais antigos pintam-no como "mancebo gentil e donairoso, de têmpera rija e mui dado à ostentação". Estas eram boas credenciais para subir na carreira eclesiástica que tinha abraçado e, aliás, em qualquer outra que se propusesse. O mundo e o futuro, digamos também a sorte, acompanhavam-no. As honras e os cargos honoríficos sucediam-se uns após outros: doutoramento universitário, cônego, deão do Capítulo de Palência... Parece que à sombra do tio tudo lhe corria bem. Não pensará porventura seu tio que seja o sobrinho a suceder-lhe no bispado de Paiência?

Mas outros eram os desígnios de Deus. O Senhor serviu-se dum fato, de certo modo infantil e sem importância alguma, para fazê-lo mudar de rumo, como fez mudar Saulo em Paulo a caminho de Damasco. Também Teimo ia montado num garboso cavalo, quando, ao tentar fazer uma pirueta diante do público para chamar a atenção, o cavalo, de um salto brusco, o derrubou, fazendo-o cair num lodaçal, deixando em mísero estado as suas vestes de rica seda, que trazia vaidosamente. Sentiu-se cheio de vergonha, ao ver-se assim perante aquela gente que ria e zombava dele, gozando à sua custa... "Como é isto possível?", interrogou-se. Ali mesmo decidiu mudar de vida. Foi ter à porta do convento dos religiosos dominicanos que havia na cidade e pediu para ser admitido na Ordem, tonando o nome de Frei Pedro... Com grande satisfação da sua alma, fez o noviciado e emitiu os votos religiosos... Despertava a atenção pela humildade e zelo apostólico. Parecia uma criança mas alberga Ja um forno de fogo no seu coração. A obediência destinou-o a pregar pelas povoações e aldeias, expondo calorosamente a Palavra de Deus... Percorreu muitas cidades de Espanha e Portugal, deixando sempre atónitas quantos o contemplavam, pelo fogo que brotava de seus lábios e pela austeridade de vida que o acompanhava. O Senhor começou a operar por seu intermédio toda a espécie de milagres na terra e no mar. Quantos se encomendavam à sua poderosa intercessão notavam logo o seu valioso auxílio. Parece que daqui derivou a especial proteção sobre o mar e seus homens, embora nunca tenha navegado nem fosse filho de marinheiros. Para ele, o mundo era um mar de calamidades e era preciso trabalhar para se sair airosamente deste mar encapelado com o exemplo da vida, evitando o pecado e praticando a virtude. Bom patrocínio para os homens de terra e mar.

Os grandes do seu tempo, reis, bispos e outros príncipes, convidam-no a acompanhá-los em suas correrias ou missões. Frei Pedro Teimo para os seus protegidos, depois, - só deseja fazer o bem a todos e gastar-se por Deus e pelos irmãos. Esgotado e cheio de méritos, morre em Tui a 15 de Abril de 1246.