14 Mar 2019
Santa Matilde, imperatriz (+968)
Imagem do santo do dia

Santa Matilde era filha dos condes Teodorico e Reinilda. Seu pai tinha-a colocado desde menina na abadia de Herford, para que se formasse no temor de Deus e em todos os conhecimentos próprios duma donzela da boa sociedade. Aí adquiriu uma boa educação e cultura.

Henrique "o Passageiro", duque da Saxónia, tão bom cristão como bom caçador, era um príncipe ambicioso, com desejos de criar um reino e encontrar uma princesa digna de si. Um cavaleiro seu entrou um dia na igreja da abadia, e entre as monjas que cantavam viu uma donzela cuja formosura o encantou. Estava ajoelhada, com o rosto banhado numa luz sobrenatural, muito modesta, com o saltétio na mão e absorta na oração. "brilhava, diz concretamente o cronista, com o fulgor nevado das açucenas, e, ao mesmo tempo, tinha a cor de fogo das mais puras rosas".

O cavaleiro contou ao duque a sua descoberta, afirmando que em todo o mundo não havia mais bela e linda mulher. O duque vestiu as melhores galas e apresentou-se diante da venerável abadessa, avó paterna de Matilde, para que lhe falasse da formosa donzela, da sua virtude, da sua linhagem, das suas qualidades. A abadessa deu completa satisfação aos seus desejos.

Henrique ficou arrebatado com a modéstia e beleza de Matilde. Mas a beleza era o menos importante. Através daqueles encantos, que ao princípio lhe deslumbraram os olhos viu Henrique na sua alma o tesouro da virtude mais abnegada e da mais alta prudência.

Celebraram-se solenemente os esponsais. Por eles se converteu Matilde primeiro em duquesa da Saxónia e, depois, em rainha e imperatriz da Alemanha, e mãe de Otão 1, o Grande, restaurador do Império Romano.

Os homens podem fazer mau uso da beleza. Mas Deus é a suprema Beleza, e pode servir-se dela para os seus altos desígnios. Henrique sentiu-se atraído pela beleza de Matilde, e a virtuosa e bela Matilde teve sobre Henrique uma influência benfazeja.

Ela foi o seu melhor guia e o melhor conselheiro. Nas suas vitórias, Matilde punha o contrapeso da doçura e moderação; nos seus pesares, ela dava-lhe ânimo para seguirem frente. A jovem princesa perfumava toda a corte com as suas virtudes e a sua doçura inefável. Dedicava muito tempo à oração, e o seu maior conforto era socorrer os pobres, que lhe chamavam mãe.

Matilde e Henrique formavam um só coracão. "Em ambos, diz o biógrafo, reinava o mesmo amor a Cristo, uma mesma união pelo bem, uma vontade igual para a virtude, a mesma compaixão para os súbditos e o mesmo afeto entranháveJ para todos. Os dois mereceram os louvores do povo".

O Sacro Império Romano-Germânico teve a sorte de ter no seu berço o hálito santo desta mulher doce e forte. Matilde formou o coração de Otão, o homem da Providência, e semeou nele sementes de fé, de fortaleza, de piedade e de amor à Igreja de Cristo e aos seus súbditos. A rivalidade e algum receio dos filhos fé-lo sofrer, mas resolveu tudo a contento.

Um dia, o Papa chamou Otão a Rorfla, pôs-lhe nos braços a coroa de Carlos Magno, e nomeou-o imperador do Ocidente. Matilde, cumprida a sua missão, voltou à abadia e com um breviário sobre os joelhos, cantava os salmos de David, tal como nos anos longínquos da sua juventude.

Voltava a ser feliz outra vez na sua querida abadia, e entre salmos e incenso, os anjos levaram-na para o paraíso enquanto entoavam o Glória. Era o dia 14 de Março do ano do Senhor 968, sábado de aleluia.