13 Jan 2021
Santo Hilário de Poitiers, Bispo e Doutor da Igreja
Imagem do santo do dia

O Mestre advertiu. "Se me perseguiram, também vós sereis perseguidos". Estamos, portanto, advertidos. As perseguições e as heresias - outra espécie de perseguições - purificam-nos. Acabavam as perseguições romanas e logo surgiram as heresias. "Gemeu o orbe e ficou assombrado ao contemplar-se ariano", escreveu São Jerônimo. Mas Deus protege a sua Igreja. O sangue dos mártires foi semente de novos cristãos, e, perante as heresias, surgiram os grandes caudilhos da fé, como Santo Atanásio.

Um dos grandes campeões da fé no século IV foi Santo Hilário de Poitiers "o amigo de Deus, "o Atanásio do Ocidente", "Rodan da eloquência". Nasceu em Poitiers, de família pagã. Teve uma esmerada educação humana. Contudo a sua alma, ávida de verdade e de infinito, não encontrava na filosofia pagã o alimento que buscava tão ardentemente.

Encontrou-o, finalmente, nas Sagradas Escrituras, sobretudo no Evangelho de São João. Ali descobriu o destino do homem e as suas relações com o Criador. O sublime mistério da Encarnação do Verbo deslumbrou-o. A sua sinceridade na busca foi premiada por Deus com a luz da fé. Acreditou sinceramente na divina Revelação e recebeu o Batismo. Desde esse momento a ideia de Deus encherá a sua vida. O seu ardente desejo será comunicar aos demais a sua maravilhosa descoberta. Rapidamente é ordenado sacerdote e depois bispo de Poitiers.

A sua esposa, dando um exemplo que foi muitas vezes imitado na Igreja primitiva, resolveu não olhá-lo senão no altar, transfigurado pela chama do sacrifício.

Os convertidos, os novos cristãos, costumam ter um fervor especial. A sua nova situação põe fogo e ardor nas suas palavras e escritos, Isso também acontece com Hilário. A luz salvadora da Divindade do Verbo ilumina-o e só deseja, com ardor de neófito, que essa mesma luz ilumine os outros. Nisto empenha toda a sua incansável atividade e intrepidez.

No Sínodo de Béziers, no ano 356, brilha com luz própria, no meio da apatia geral. O imperador Constantino, que namoriscava nesciamente com a heresia, desterra-o para a Frígia, na Ásia Menor. Foi um desterro providencial. Discute com os hereges, familiariza-se com os padres gregos, envia avisos e anátemas ao imperador, e aproveita sobretudo para elaborar a sua obra mestra, os doze livros Sobre a Trindade.

No ano 359 foi convidado para o Sínodo de Rímini-Seleucia, porque o queriam atrair para a heresia. Em vão. A certeza da sua fé e a sua lógica contundente, paralisa os seus opositores, como se vê na sua Invectiva contra Lactâncio. Tanta segurança deixa desconsertados os inimigos que defendem o seu regresso a Poitiers, para que os deixasse tranquilos. Conta São Jerônimo que toda a Gália abraçou o herói que regressava vitorioso ao combate e que a entrada em Poitiers foi acompanhada, segundo a tradição, pela ressurreição de um menino ainda não batizado.

Santo Hilário continuou a lutar até ao final, como bom soldado de Cristo. Convocou concílios, continuou a publicação de obras imortais sobre os Mistérios, sobre os Salmos e sobre São Mateus. Converteu hereges e com a excomunhão de Saturnino acabou na Gália com os últimos resquícios da heresia. Ainda participou no concílio de Milão, no ano 365. Foi como que o canto final de cisne deste campeão da fé, farol luminoso da Igreja, que se apagou na terra a 13 de Janeiro do ano de 367, mas cujas obras e exemplo de vida continuam a iluminar as mentes e os corações.