12 Jul 2018
São Gualberto, monge (+1073)
Imagem do santo do dia

São João Gualberto era filho de uma família remediada de Florença, dona de castelos e ricas propriedades. Eram dois irmãos, João e Hugo. Uma família feliz, até ao triste dia em que Hugo foi assassinado.

João trazia essa ferida cravada no coração. Um pensamento o atormentava: «Mancha de sangue com sangue se apagará. E sou eu, seu irmão, quem a apagará. E enquanto o não fizer, não terei honra».

A vida de João mudou radicalmente no dia de Sexta-feira Santa de 1003, quando tinha 18 anos. Foi o seu «caminho de Damasco». João era um jovem despreocupado que ia à igreja só nas grandes festas. João não sabia explicar as profundas emoções que estava experimentar na igreja naquele dia, durante os ofícios solenes em que se celebrava a morte do Senhor. Ao adorar a cruz, todos notaram nele uma devoção especial.

Terminados os ofícios religiosos, partiu para Sena, bem armado no seu cavalo. A primavera sorria nos campos, mas não no seu coração. Apagada de repente a imagem de Jesus na cruz, que tanto o impressionara horas antes, apenas via a de seu irmão desfazendo-se em sangue por terra, enquanto se imaginava frente ao assassino tingindo como sangue dele a espada que levava, que era a do seu próprio irmão.

Enquanto se distraía com estes pensamentos eis que, numa curva do caminho, se apresentou diante dos seus olhos, a pé e desarmado, levando pela mão um menino, precisamente o assassino do irmão.

João saltou do cavalo como um raio, de espada na mão. O assassino não tentou fugir. Era inútil. Ajoelhou com os braços em cruz, e só lhe disse um palavra: «Perdão». João não o escutava, e dispunha-se a desferir um golpe mortal no inimigo. Vendo-se perdido, sem remissão, ainda suspirou, entre a vida e a morte:"Jesus, Filho de Deus, perdoa-me ao menos Tu».

Foi neste momento que a graça divina atuou no coração de João. Já não via o inimigo de joelhos nem a chorar. Apenas via Jesus morto na cruz por ele, aquele Jesus que tanto o tinha emocionado pouco antes na igreja. Já não escutava o gemido de quem lhe pedia perdão, mas, as palavras de Jesus: «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem».

Abandonou a espada, lançou-se por terra, levantou o assassino, abraçou-o e disse-lhe lrmão, concedo-te o perdão que me pedes, pelo sangue que hoje Jesus derramou na Cruz». O assassino bei¬jou-lhe a mão e partiu.

Estava ali perto, encostado às margens do Amo, o mosteiro beneditino de São Miniato. João entrou na igreja e prostrou-se perante o Cristo Crucificado. Assim passou várias horas, como que fora de si mesmo. Ao partir viu que Cristo se inclinava para ele e o olhava com uma infinita doçura. Durante a noite João voltou para casa de seus pais. Mas era já outro homem.

Poucos dias depois regressava João a São Miniato. Mas desta vez para ficar. Quando, mais tarde, quiseram fazê-lo abade fugiu para Camáldula. Procura ainda maior solidão, e São Romualdo, ao dizer-lhe adeus, profetizou que seria fundador. Pouco depois, funda nos bosques de Valumbrosa, sob a Regra de São Bento, uma nova ordem, com muitos mosteiros na Itália.

Os monges de Valumbrosa praticavam uma vida cheia de rigores: clausura absoluta, silêncio perpétuo, severas penitências. Os monges de Valumbrosa, e já o próprio fundador, lutaram tenazmente contra o mal do século, a simonia, e contra toda a espécie de cismas e heresias. A 12 de Julho de 1073 o servo bom e fiel era chamado ao paraíso.

Oração a São João Gualberto

Deus, Pai de Misericórdia, São João Gualberto, movido pela Vossa graça, perdoou o assassino de seu irmão; tende piedade de mim, quando achou que perdoar as ofensas signifique fraqueza. Tende piedade de mim e fazei que eu seja Luz e Sal para o mundo. Amém.