08 Jul 2020
São Francisco Solano, Presbitero (+1610)
Imagem do santo do dia

São Francisco Solano nasceu em 1549 em Montilha, Córdova. Há cidades com sorte, como Montilha, que para além de ser pátria do nosso santo, o é também do Grande Capitão, tem um vinho famoso e as relíquias de São João de Ávila.

São Francisco forma, com São Toríbio de Mogrovejo, São Luís Beltrão e São Pedro Claver, um grupo de santos que evangelizaram a América incansavelmente. Mas é São Francisco o que com maior razão merece o título de apóstolo do Novo Mundo, pela extensão do seu trabalho missionário, e pelas pegadas que deixou. Percorreu quase todo o Peru e missionou em cinco nações.

Estudou em Montilha com os jesuítas. Vestiu o hábito franciscano e completou os estudos em Sevilha, onde foi ordenado sacerdote. Era muito dedicado à música. Vivia com grande austeridade e muita oração. Passou pelos conventos de Córdova e de Granada e contraiu a peste, atendendo os empestados.

Em 1589, numa pequena frota que conduzia o vice-rei do Peru, Furtado de Mendonça, embarca com um grupo de companheiros que passavam à América para conquistar almas para Cristo. A sua vida foi uma epopeia prolongada.

Chegam a Cartagena das Índias e dali seguem para o Panamá. Depois, num frágil barco, dirigem-se para El Calau, no Peru. O barco soçobrou junto à ilha de Górgona, frente à Colômbia. Em grupos são trazidos para terra. Solano é o último a sair para ajudar todos os outros. Chegam finalmente às costas do Peru e , depois, por terra, chegam a Lima. Dedicou-se a obras de apostolado e caridade em hospitais e cadeias. Era bispo de Lima São Toríbio de Mogrovejo.

Dali partem por ásperos e escabrosos caminhos para Tucumão, através dos Andes, o Cusco e actual Bolívia, até chegarem ao norte da Argentina. Passam por Salta, e por fim, Tucumão. Jornadas heróicas e esgotantes. Apenas levavam alguns livros e um violino. Mas se os conquistadores tinham passado por ali em busca do Dorado e do ouro de Potosi, não seriam menos animosos os discípulos de Cristo, para conquistar as almas.

Viveu onze anos em Tucumão. Realizou uma atividade missionária extraordinária. Tinha que vencer a resistência dos indígenas, os acidentes do terreno, as dificuldades das línguas. Algumas vezes repetiu-se o milagre do Pentecostes, pois todos o entendiam, falando uma única língua. Os índios amavam-no como a seu próprio rei: chamavam-no, Tupá, prostrando-se diante dele.

Percorreu as regiões de Rioja, Córdova, Paraguai, Uruguay, Santiago do Estero e, segundo alguns, até o grande Chaco. Conseguiu muitas conversões, e deixou testemunhos claros da sua santidade. Atribuíam-lhe milagres, como o brotar de fontes em Talavera e Nova Rioja. Até os pássaros o seguiam como amigos fiéis. Foi cha¬mado o taumaturgo do Novo Mundo.

Obediente à voz de Deus, percorre de novo o longo e incomodo caminho que o separa de Lima. Por humildade não aceita o cargo de guardião. Enviam-no a Trujillo e ali vê-se obrigado a aceitar esse cargo.

Novamente em Lima, sai por ruas e praças, com um crucifixo na mão, exortando à conversão. A vida daquele frade que levava no seu rosto as marcas da penitência, o ardor do seu olhar e o fogo das suas palavras, comoveram profundamente os ouvintes. De noite foi preciso deixar abertas as igrejas, tantos eram os que acudiam a confessar-se. Rosa de Lima ajuda-o com suas penitências. O vice-rei pede-lhe moderação.

Pouco a pouco, as suas forças foram-se gastando e, depois de breve doença, faleceu a 14 de Julho do ano 1610, durante a elevação da missa. Clemente X beatificou-o em 1675 e Bento XIII canonizou-o em 1726.

Oração de São Francisco Solano

Deus, nosso Pai, por intercessão de São Francisco Solano, iluminai e protegei todos os missionários da América Latina. E pelo sangue de todos os nossos mártires latino-americanos, abençoai e protegei também a vossa Igreja, fazendo dela o sacramento do vosso reino de paz e de justiça entre os homens. Ouvi, pois, Senhor, esse nosso canto: Pai, ó Pai nosso, quando é que este mundo será nosso? Pai nosso, quando o mundo será nosso, dos pobres, nossos irmãos. Pai nosso, como é duro ver minha gente crucificada, pela opressão. Pai nosso, quem enxugará os prantos dos povos que não têm pão? Pai nosso, quem saciará os povos de graça e libertação? Pai nosso dessa América ferida. Ah, vida, quanta aflição. Pai nosso, quando vem a liberdade dos povos dessas nações? Pai nosso, o coração de nossa gente despedaçado quer solução. Pai nosso, a esperança do presente é igualdade, repartição. Pai nosso, quando a terra será nossa, dos pobres, das multidões? Pai nosso, quando o mundo será nosso, dos pobres, sem opressões? Amém.