06 Abr 2020
São Celestino I, Papa (+432)
Imagem do santo do dia

O Senhor foi semeando ao logo da história da Igreja homens que lutaram calorosamente por conservar incólume a doutrina do Evangelho. Os hereges, que também nunca faltaram ao longo da história, empenhavam-se em conspurcar as águas cristalinas da doutrina que Cristo e os Apóstolos pregaram. Missão, sobretudo da Igreja, será sempre defender esta doutrina e apresentá-la pura e sem mancha a todos os fiéis cristãos.

Um dos homens que teve de lutar duramente contra duas dessas heresias, a dos semi-pelagianos e a dos arianos, foi o valoroso São Celestino 1, Papa. Parece que nasceu no último quartel do século IV, na Campânia napolitana (Itália), de pais nobres, aparentados com reis.

Seu pai, chamado Prisco, era da família do imperador Valentiniano. Muito pouco se sabe da sua juventude e formação literária, mas certamente teve de crescer muito rapidamente em ciência e virtude, pois o vemos subir também rapidamente os degraus da carreira eclesiástica, até atingir o topo que é o Pontificado.

Renunciou às propostas bastante lisonjeiras que lhe apresentavam, e apenas desejava consagrar-se para sempre e totalmente à vida do espírito. Parece que tratou de se retirar para o deserto, para aí estar mais afastado do mundo e dispor de mais facilidades para se entregar ao Senhor... Mas eram outros os caminhos que a Divina Providência lhe destinava. Ordenou-se sacerdote e viveu uns anos entregue ao cuidado das almas até que muito em breve, perante a sabedoria e prudente santidade que brotava das suas palavras e obras, foi elevado ao episcopado e enviado para a Síria para aí governar aquela Igreja. AÍ se entregou em pleno ao cuidado da sua grei. Visitava os enfermos e educava na fé todas as suas ovelhas. Não havia mal que ele não procurasse remediar. Quando não podia ir pessoalmente, fazia-o por meio das suas preciosas CARTAS, que são um perfeito modelo de solicitude bondosa, mas também de dureza, sempre que o caso o requeria, desde que tal visasse conservar incólume a fé das ingerências dos inimigos.

Papa Bonifácio 1 tinha deixado órfã a diocese de Roma como sucessor de São Pedro, e aquela Igreja solicitou a presença de Celestino para a reger. Eram tempos extremamente difíceis pela arbitrariedade e os germes de heresia que se iam infiltrando em muitos ambientes. Os dez anos em que governou a Igreja foram verdadeiramente fecundos em todos os sentidos, sobretudo no aspecto dogmático, litúrgico e pastoral. No princípio, lutou com denodo contra Nestório que pregava que a Virgem era apenas Mãe de Jesus como homem e não como Deus, quer dizer, que Maria não era Deigenitrix, Mãe de Deus. São Cèlestino lutou por si mesmo, mas também por meio de São Cirilo de Alexandria para que no Concílio de Éfeso, celebrado em 431, fosse proclamado o dogma da Maternidade divina de Maria, Todos os Padres Conciliares repetiram as palavras do Papa: "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte".

No campo pastoral escreve as suas famosas DECRETALES que ressumam prudência, sabedoria é integridade ao mesmo tempo. Nelas diz aos Bispos: "Não permitamos semear na nossa terra outra semente senão a que nos foi deixada em depósito pelo Divino Semeador". Também lutou muito contra os hereges pelagianos, e enviou fervorosos missionários à Inglaterra e a outras partes do mundo, para estender o Evangelho. Introduziu na Missa várias partes importantes e defendeu com energia o perdão a favor dos pecadores arrependidos na hora da morte. Cheio de méritos, expirou santamente a 6 de Abril de 432. Foi sepultado no Cemitério de Priscila e no seu túmulo alguém escreveu: "A sua alma santíssima goza já da visão de Deus".