A maravilhosa vida deste grande santo está entretecida de encantadoras lendas. Parece que nasceu em Israel, de pais hebreus, e, antes de nascer, seus pais tiveram uma preciosa aparição da Virgem Maria que lhes anunciou o futuro glorioso do filho. Isto foi suficiente para que os pais se convertessem ao cristianismo.
Em plena juventude abraçou a vida que levavam os monges do Carmelo e entregou-se em cheio à imitação da vida dos profetas Elias e Eliseu, que eram venerados por aqueles monges como seus pais espirituais.
Com licença dos superiores retirou-se durante cinco anos para o deserto da Quarentena, entregando-se às mais duras penitências e a uma contínua oração.Certo dia apareceu-lhe Jesus Cristo, indicando-lhe que devia passar à Sicília - Itália - onde devia converter um famoso pecador que se chamava Berengário, pois vivia com a sua irmã como se fosse sua mulher e dela tinha tido já vários filhos.
Um irmão do nosso Ângelo, chamado João, chegou a ser Patriarca de Jerusalém. Para dar cumprimento à visão que tinha tido em Jerusalém, no dia 1 de Abril de 1219, fugiu, levando consigo algumas relíquias que lhe tinha entregado o Patriarca de Alexandria, chamado Atanásio, para que as levasse para a Itália. Ao chegar à Sicília a sua embarcação foi atacada pelos sarracenos e, tanto ele como todos os que com ele iam na embarcação, foram barbaramente torturados pelos assaltantes. O céu veio em sua ajuda, cegando e queimando todos os sarracenos por um milagroso fogo que desceu do alto. Pouco depois, por meio das orações de Ângelo, foram curados e muitos deles converteram-se à fé cristã.
Ângelo chegou a Civitavéquia e ali entregou as relíquias a Frederico de Chiaramonte e depois prosseguiu o seu caminho para Roma. Ainda hoje se podem ver umas pinturas que relatam a cena do encontro entre Santo Ângelo, São Francisco de Assis e São Domingos de Gusmão. Passaram toda a noite em oração e o nosso santo predisse a São Francisco as chagas e este, por sua vez, anunciou a Santo Ângelo o seu próximo martírio.
Regressado à Sicília, chegou a Palermo e ali hospedou-se na casa dos monges Basílios de Santa Maria da Grata e onde pregou com ardoroso fervor durante quarenta dias. Depois trasladou-se para Agrigento. Por onde passava curava os doentes e realizava toda a espécie de prodígios. A sua fama corria de boca em boca.
Chegado a Licata, depressa lançou mãos à obra para levar por diante a missão que o mesmo Senhor lhe tinha confiado na visão do Monte da Quarentena. Entrevistou-se em particular com Berengário e tratou de atraí-lo à vida correta. Depois fez a mesma coisa com a irmã deste e ela chorou os seus pecados e abandonou o irmão. Berengário não podia aceitar este estado de coisas e procurava, por todos os meios, continuar na sua má vida e não perdia ocasião para atacar o zeloso carmelita chegado do oriente. Ângelo não temia as ameaças com que Berengário se lhe dirigia. Continuava pregando a moralidade de costumes e a mensagem de salvação da parte de Jesus. Finalmente, um dia, enquanto pregava à multidão, Berengário aproximou-se dele e feriu-o mortalmente, assestando-lhe cinco estacadas. Antes do morrer o Santo pediu que perdoas¬sem ao assassino.
Com frequência o pintam com uma palma e três coroas confessando-o, assim, virgem, sacerdote e mártir. Já no século XIV começou o seu culto entre os carmelitas.