03 Jun 2020
São Carlos Lwanga e Companheiros Mártires (1886)
Imagem do santo do dia

O continente africano foi, no passado, viveiro de santos e mártires cristãos. Depois, por diversos acontecimentos foi morrendo a religião pregada e vivida com tanto heroísmo. Hoje os Sumos Pontífices colocam a sua atenção neste continente como a Igreja do futuro.

No século passado, o Uganda foi regado por abundante sangue de generosos cristãos que não estavam dispostos a transigir com o pecado e a heresia.

O Papa Paulo VI, na homilia da canonização destes mártires do Uganda, disse: "A tragédia que os devorou foi tão inaudita e expressiva que oferece elementos representativos suficientes para a formação moral de um povo novo, para a fundação de uma nova tradição espiritual..."

Pelo ano de 1878 os Padres Brancos deram os primeiros passos na evangelização do Uganda. O Rei, chamado Mtsa, inicialmente favoreceu-os e ajudou-os embora os tenha afastado de si com medo de que a nova religião fosse obstáculo ao comércio de escravos do qual tirava grandes somas de dinheiro. Tendo morrido este rei, seguiu-lhe o filho Muanga, fervoroso amigo dos cristãos. Mas rapidamente se transformaram as coisas.

O rei tinha um primeiro ministro que odiava os cristãos porque tinha atentado contra o monarca e fora descoberto graças à fidelidade dos cristãos, sempre leais ao rei. As coisas agravaram-se quando o mesmo rei tentou abusar de modo desonesto dos mesmos cristãos que tinha ao seu serviço, e como ele era de religião pagã, pensava que também a religião cristã permitia também estes abusos. A oposição dos cristãos às suas aberrações e instintos objetos, fez com que o amor que antes sentia para com eles se convertesse em ódio mortal.

As causas não podiam ser mais baixas e grosseiras: não querer consentir nos vergonhosos desejos do rei e opor-se à escravatura e ao negócio de escravos.

De imediato o rei ditou uma lei severa que proibia fazer oração e seriam presos e sujeitos a castigos todos os que fossem encontrados a rezar. A perseguição estendeu-se rapidamente a todo o país. Foram encarcerados e guilhotinados muitos cristãos. Não se sabe a quantidade porque a ignorância em escrever foi causa de que a no¬tícia não tenha chegado até nós.

Os mártires do Uganda que o Papa Bento XV beatificou a 6 de Junho de 1920 formam dois grupos de fervorosos mártires: um, encabeçado por um jovem de 20 anos, Carlos Luanga, que era o mais favorecido pelo rei. Os seus companheiros eram jovens, de idades compreendidas entre os treze e vinte e seis anos. Todos eram cortesãos-sãos ou trabalhavam às ordens do rei. Eram treze. Repetiram-se cenas sumamente comovedoras, como as dos primeiros anos do cristianismo. Foram saqueados ou queimados vivos... E todos cantavam, alegres de morrer por Cristo...

O outro grupo foi mais numeroso e o generoso martírio aconteceu durante os anos de 1886 e 1887... Foram assim mesmo maravi¬lhosos exemplos de amor e fortaleza por Jesus Cristo.

Paulo VI na homilia da sua canonização disse: "A África, banhada pelo sangue destes mártires, surge livre e dona de si mesma".