São Marcelino era presbítero da Igreja de Roma e São Pedro seu exorcista. Os dois eram muito conhecidos pelos cristãos do seu tempo pela sua grande virtude e pelo seu heroísmo no fiel cumprimento dos seus deveres. A virtude da fortaleza era muito necessária naqueles tempos e ambos os santos a viviam com generosidade.
Pedro tinha um grande poder contra os demônios e curava toda a espécie de enfermidades. As notícias destes prodígios no tempo do imperador Diocleciano chegaram até aos ouvidos do ímpio juiz Sereno que deu ordens para que fosse detido e rigorosamente encarcerado.
Mandou que fosse duramente açoitado e as suas carnes despedaçadas por terríveis grilhões, mas não conseguiram que a alegria se ausentasse do rosto de Pedro.
Uma coisa chamava a atenção dos soldados e carcereiros e de quantos podiam aproximar-se dele: sempre o encontravam entoando cânticos ao Senhor e convidando todos os outros para que também o fizessem unindo-se à sua grande alegria porque, dentro de muito pouco tempo, poderiam gozar da visão do Senhor Jesus Cristo.
Um dia quis aproximar-se do carcereiro porque o via triste e choroso. Chamava-se Artémio. Pedro perguntou-lhe pela causa da sua tristeza e recebeu como resposta que a alegria não podia ver-se no seu rosto porque há já algum tempo que uma filha sua estava possuída pelo demônio que provocava espantosas contorções e sofria horrivelmente. "Se só é essa a causa da tua dor, eu prometo-te que se acreditares, eu sou capaz, em nome do meu Senhor Jesus Cristo, de libertar a tua filha".
- "Se acreditas assim no poder do teu deus, louco serias se não te libertasses dessas tuas cadeias".
-"Eu sei o que valem estas cadeias e este calabouço para poder gozar da presença do meu Deus."
- Já que me parece que estás louco, se quiseres que eu acredite no teu deus e no teu poder, vem esta noite a minha casa e cura a minha filha".
Ao chegar a casa, Artémio contou o sucedido à mulher que se chamava Cândida. Esta disse-lhe: "Pois, se for verdade isso que dizes e se aparecer aqui esse jovem, será uma razão poderosa para saber que só o seu Deus é o Deus verdadeiro...". Enquanto ainda falavam, aparece o jovem Pedro e curou a sua filha da possessão diabólica... O carcereiro, sua esposa, sua filha e toda a família receberam o batismo depois de ter chegado o presbítêro Marcelino e de ter ensinado a todos as principais verdades da nossa fé.
O juiz Sereno ao inteirar-se de que se tinham quebrado as cadeias de todos os presos, inclusive do presbítero Marcelino e do exorcista Pedro, mandou prendê-los de novo e castigou-os com maior crueldade obrigando-os a oferecer incenso aos deuses e a renunciar a Jesus Cristo.
Marcelino falou em nome dos dois: " Deus não permitirá nunca que cometamos tal ação sacrílega... Há um só Deus verdadeiro por cuja virtude e poder se quebraram as cadeias e todos os presos e são afugentados os demônios de todos os que estão possessos. Não vejas delito nestas maravilhas. Pelo contrário, medita-as e converte-te à nossa fé".
Artémio, sua mulher Cândida e filha Paulina por se negarem a oferecer sacrifícios a Júpiter também foram condenados à morte. São Pedro e São Marcelino foram levados para o Bosque Negro para ali serem decapitados... Depois foram recolhidos os seus corpos e enterrados dentro da cidade. Ao Bosque Negro será mudado o nome para Bosque Branco por ali terem sido sacrificados os mártires.