01 Jun 2020
São Justino, apologista e mártir (Séc II)
Imagem do santo do dia

Os romanos quando se tornaram senhores de quase todo o uni verso civilizado tinham como norma impor às cidades nomes próprios da sua Itália imperial. Assim fizeram com a Antiga cidade de Nablus, em Israel, que batizaram com o nome de Flavia Neápolis. Aqui nasceu o nosso ilustre apologeta e mártir São Justino, talvez, nos finais, do século 1.

Justino era oriundo de uma família pagã, não judia, e embora saibamos poucas coisas da sua vida, pode-se afirmar que a sua trajetória tem muito de comum com a de Santo Agostinho: os dois estavam adornados de uma inteligência nada comum, os dois eram pagãos e os dois tinham ardente desejo de descobrir o verdadeiro Deus.

Justino frequentou unia e outra escola, a cristã e a pagã, sempre em busca da verdade, pois não era daqueles que se contentavam com a primeira notícia que lhes chegava.

Como chegou ao conhecimento da verdade, do Deus verdadeiro? Ele mesmo nos conta:

«Aconteceu que enquanto me encontrava na cidade de Alexandria e enquanto passeava, absorto nos meus pensamentos, pela praia, se aproximou de mim um venerável ancião venerável e falamos largamente. A mim interessava-me o meu tema e expu-lo. Chamou-me a atenção a firmeza com que me disse:

- "Os filósofos extraviaram-se. Nenhum conheceu o verdadeiro Deus.

- Se eles não nos ensinam a verdade, onde a encontraremos?, repliquei eu.

- A verdade, a virtude, a verdadeira felicidade que vão procurando os filósofos e não podem encontrar, está na Sagrada Escritura. Se tu quiseres encontrar estas virtudes que estás a procurar lê a Sagrada Escritura, medita-a e, com grande humildade, pede a Deus que te abra a inteligência e o coração para recebê-la. Só Deus e Jesus Cristo, seu Filho, podem ajudar-te neste caminho".

Terminadas estas palavras o venerável ancião desapareceu. Entreguei-me à leitura dos Livros Sagrados e de imediato me dei conta de que aquele ancião tinha toda a razão. Nunca em livro algum tinha encontrado tanta filosofia e tanta maravilha. Por isso me fiz cristão e agora sou um filósofo cristão.»

Justino, uma vez alcançada a fé cristã, entrega-se plenamente a dilatá-la por toda a parte. Diante dele abrem-se horizontes imensos. Quer chegar a todas as partes. Escreve sem cessar porque conhece o grande valor da pena. Cheio de fogo divino, argumenta, discute, defen¬de valentemente a sua fé contra todos os que a atacam ou não a compreendem. Tornar-se-á famosa a frase ou lema que já muitos conhecem e que ele estende com os seus gestos por toda a parte:"Possuir a verdade, podê-la dizer e calar, é atrair contra si a ira de Deus".

Ele sabe que se coloca em grande perigo, no perigo de perder a sua vida por causa do Evangelho, se não moderar os seus ímpetos de fé e de amor a Jesus Cristo, mas isso não lhe importa. Chega até a dedicar uma das suas mais belas obras apologéticas ao próprio imperador Antonino Pio.

Estando já maduro o fruto, vai dar testemunho através da fé que tinha pregado. O Breviário, neste dia da sua festa, recolhe-nos com traços maravilhosos, o diálogo com o cínico Rústico que quer fazê¬lo apostatar da sua fé cristã. Mas Justino está cheio de Deus e, num diálogo cheio de amor e convencimento cristão, dá provas do seu anseio de dar testemunho com o sangue pela fé que prega e escreve. Foi no ano 166 que morreu degolado por amor de Jesus Cristo.

Oração de São Justino

Ó Deus, Pai Eterno, Pai de Bondade. São Justino Vos buscou na inquietude de seu espírito e, pela fé, Vos encontrou. Fazei que, iluminado pelo seu testemunho, eu viva hoje atento aos sinais de vossas maravilhas no mundo e em meu coração. Que eu saiba encontrar-Vos em tudo e em todos, é o que Vos peço com humildade e devoção, agora e sempre. Amém.