Vi numa das aberturas do rochedo uma moita, uma só, que se agitava como se estivesse muito vento. Quase ao mesmo tempo saiu do interior da gruta uma nuvem doirada, e logo a seguir uma Senhora nova e bela, bela mais que todas as criaturas, como eu nunca tinha visto nenhuma. Veio colocar-se á entrada da concavidade por cima do tufo de verdura. Logo olhou para mim, sorriu-me e fez-me sinal para que me aproximasse, como o faria minha mãe.
Tinha-me passado o medo, mas parecia-me que não sabia onde estava. Esfreguei os olhos, tornei-os a abrir; mas a Senhora lá estava sempre, continuando a sorrir-me e fazendo-me compreender naõ estar enganada. Sem saber o que fazia, tomei o terço e ajoelhei. A Senhora aprovou com um sinal de cabeça e passou para os seus dedos um rosário que trazia no braço direito. A Senhora deixava-me rezar sozinha. Ela apenas passava as contas pelos dedos, sem falar. Só no fim de cada dezena dizia comigo: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Quando acabou a reza, a Senhora voltou a entrar no interior do rechedo e a nuvem de oiro desapareceu com Ela.
Santa Bernardete, Vidente de Lourdes